segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Capítulo 02 — Lemúria e as raízes do passado


Incrustado no Oceano Pacífico, bem distante do continente há uma grande ilha oculta. Inexistente dos mapas e cartas náuticas. Lemúria, também chamada de Continente Mu, conta com a proteção divina de Atena, a deusa regente da Superfície da Terra.

Este local misterioso abriga um povo de natureza especial. Dotados de grande longevidade e sabedoria os Lemurianos são profundos conhecedores da vida e morte, e possuem a capacidade de usar as mais profundas capacidades do cérebro humano.

De posse dos antigos conhecimentos místicos, esse povo pode manipular os metais e a química antiga, como a prática da secreta alquimia.

Lemúria possuía um governo próprio, onde um sábio sacerdote, chamado de Gran-Mestre, e seus doze Conselheiros Alquimistas governavam com justiça, amor e fidelidade a sua deusa. Os doze Mestres Alquimistas eram os governadores das doze províncias da ilha. O nascido que se sagrasse o mais habilidoso alquimista de sua geração recebia essa honraria, sendo ao bater de sua velhice aceito na ordem dos Anciões de sua província após a transferência de seu cajado ao jovem da geração seguinte.

Ao Conselho de Anciãos, composto pelos cidadãos mais antigos e de notável sabedoria, cabiam grandes responsabilidades. A orientação nas decisões dos governadores das províncias, e a deliberação final de questões de grande importância eram as tarefas mais comuns. Mas uma responsabilidade ainda maior lhes era atribuída, quando da vacância na posição de Mestre Alquimista da vila, a importante missão da sucessão a eles era incumbida.

O Gran-Mestre, consagrado pelo poder de Atena, era escolhido dentre os Mestres Alquimistas do Gran-Conselho pelos sábios dos Conselhos de Anciãos das doze províncias da ilha. A província honrada com a sucessão da posição maior da Ilha elegia seu novo representante dentre os consagrados Mestres Alquimistas locais.

E assim seguia Lemúria, pacata e presente na batalha travada nas outras partes da Superfície da Terra.

Nessa terrível batalha encontrava-se Leo, um poderoso Lemuriano que na juventude de seus quinze anos salvara sua provincia de um ataque surpresa dos marinas de Poseidon, bem como a própria Lemúria um ano atrás. Sua coragem impressionou Atena. A deusa o recrutou a seu exército, e seu amor a sua terra natal elevou Lemúria a um importante patamar, seria a força de retaguarda na sangrenta batalha que se desenrolava.

Atentos a batalha o povo de Lemúria aguardava ansiosamente por ordens do Templo de Atena, quando num momento delicado da batalha chega mensagem urgente diretamente do Salão de Atena escrita de próprio punho pela deusa. Atena visitaria Lemúria em dois dias.

VÉSPERA DA VISITA DE ATENA

Um dia depois da chegada da mensagem de Atena todos os preparativos à recepção da deusa estavam acertados: o ocultamento do porto secundário pela névoa; o discreto e seguro caminho ao Grande Salão do Gran-Conselho; e a ornamentação simples porém respeitosa a importância da pessoa a se receber.

ATENAS — TEMPLO DE NIKÉ-ATENA

No pequeno porto da baia oculta entre as montanhas uma luxuosa embarcação esperava a deusa. Na entrada do cais estava Leo, um dos mais valorosos guerreiros em reverência com a chegada de Atena.

O navio com o selo do Santuário, coberto por lonas negras a fim de proteger a deusa em tempos de guerra, segue mar adentro com Atena a proa, apesar da recomendação de Leo para se resguardasse a seus aposentos.

O rumo da guerra contra Poseidon deixava Atena muito apreensiva, e seus guerreiros sempre em alerta máximo.

Após longa viagem Atena e Leo chegam ao porto escondido em Lemúria, sendo recebidos por um Lemuriano trajando belas vestes azul escuro. Após simples recepção todos seguem imediatamente ao Salão do Gran-Conselho, devido à urgência da mensagem e ansiedade de todos.

Chegando a entrada do salão dois guardas também trajados de vestes azuis abrem as portas, e mais adentro podia-se ver um vistoso tapete vermelho como caminho a um luxuoso assento na cabeceira principal da grande mesa. Leo, prontamente reconhecido por todos, após um sinal de cabeça do Gran-Mestre conduz Atena a seu lugar de destaque.

Os doze Mestres Alquimistas, após Atena e o Gran-Mestre, sentam-se. Leo o faz em seguida em assento especialmente posto ao lado da deusa.

O Gran-Mestre, como anfitrião faz as honras da casa:

— Muito nos honra tua presença, Senhora Atena. Aguardávamos ansiosos por sua chegada. Estamos a teu inteiro dispor.

Atena agradece a acolhida, e traz a todos o motivo de sua visita:

— A batalha pela paz na Terra, que muito angustia a todos, chega em um momento crucial. Somos em menor número e muitas foram nossas baixas. O espírito de luta e o cosmo de nossos guerreiros está vulnerável. Por isso decidi conceder-lhes vestes sagradas a proteger seus corpos, as armaduras sagradas. Assim que as vestirem passarão a ser chamados de Cavaleiros para os homens e Amazonas para as mulheres.

Após essas palavras, cheias de sentimento, Atena abre uma pequena caixa discretamente levada àquele momento.

— As Sagradas Armaduras serão em número de oitenta e oito, conforme as constelações existentes no céu. Serão divididas em três grupos de poder. À confecção delas lhes ofereço quatro metais: O Gamanium, o Ouro, a Prata e o Bronze. — Diz Atena retirando uma porção de cada metal do pequeno baú. — A fim de torná-las fortes, e traçar um caminho de energia entre o metal, o cosmo e as proteção das constelações ...  eis o pó de estrelas.

Nesse momento, a um singelo movimento de dedos de Atena surge no ar um rastro de finíssimas partículas douradas. As partículas se materializaram e se depositam no fundo de uma caixa ainda menor que a deusa retira da mesma caixa.

— As Armaduras nascerão como entes vivos, e com poder regenerativo. Concedo meu sangue divino para tornar isso possível.

Atena tira do baú uma pequena adaga e um frasco de vidro. Ela posiciona sua mão sobre o frasco destampado e a corta com a adaga, deixando gotejar seu sangue divino no recipiente. Após chegar a metade do volume do pequeno frasco, a deusa com um leve movimento de mão fecha a corte e tampa o frasco.

Assustados com a cena, os lemurianos se tranquilizam após verem um doce sorriso dado por Atena. Atena coloca o pequeno fraco com seu sangue próximo aos metais sobre a mesa, pegando um pedaço de bronze numa mão e de prata em outra.

— Visando proteger os guerreiros de menor poder, serão construídas as armaduras de bronze, com gamanuim, pó de estrelas e bronze. Em número de quarenta e oito peças.  Num nível superior, mas intermediário existirão as vinte e quatro armaduras de prata.

Atena coloca sobre a mesa os metais e apresenta um reluzente pedaço de ouro.

— Para a mais alta casta de poder dos guerreiros, serão doze armaduras de ouro, orientando-se pelas constelações presentes no círculo Zodiacal.

Os Mestres Alquimistas atentos a todas as palavras da deusa se surpreendem com mais um objeto retirado por ela da caixa.

— Por fim quatro armaduras especiais, feitas de um metal ainda mais especial, o Oricalco.

Calmamente, Atena guarda todos os objetos no baú e completa:

— Confio a vocês, Mestres Alquimistas de Lemúria, a missão de construí-las, e mudar o rumo dessa Guerra.

A essa tarefa Atena não define prazo, mas ordena o imediato cumprimento a começar pelos trajes de ouro.

Considerando o adiantado da hora, de maior vulnerabilidade em mar aberto, Atena após reunião é conduzida a seus aposentos naquelas terras.

Vendo Leo sempre a seu lado, a deusa após devidamente alojada chama-o para audiência.

— Obrigado por sua dedicação Leo. Está dispensado até amanhã pelo meio-dia. Visite seus familiares, pois aqui estou segura.

Leo, confiante das palavras de Atena e cheio de saudades de seu povo sai até sua província, onde é tido como herói.

No dia seguinte, às doze horas, seguem Atena e o Gran-Mestre até o porto, não mais coberto pela névoa, mas protegido por grande quantidade de soldados lemurianos em locais visíveis e não visíveis. Como ocorrido na partida à Lemúria no Templo da deusa em Atenas, na entrada do cais encontrava-se Leo de prontidão.

Diante das duas importantes pessoas que chegavam, Leo faz longa reverência.

— Levante-se Leo. Ordena o Gran-Mestre. — És um dos nossos e estás em tua terra. Leo se surpreende com a quebra do cerimonial.

— Mas ... Leo estava confuso.

O Gran-Mestre, quebrando o protocolo dá um grande abraço em Leo.

— Você goza da confiança de Atena e de todos aqui em Lemúria. Estamos certos que nos dará muito orgulho defendendo Atena e nossa Terra. Representas com honra nosso povo na linha de frente dessa guerra, e é isso que importa.

Leo, feliz com o reconhecimento manifestado e sorri.

— Obrigado. Diz Leo com a visão de um belo sorriso desenhado no rosto de Atena.

O barco parte de volta a Atenas com um reforço de soldados Lemurianos, dentre eles uma bela jovem chama atenção. Sua missão era transportar em segurança todos os Lemurianos de volta a Lemúria. Seu poder de teletransporte era notável. Lyra era a mais poderosa telepata de sua província.

Alheio a tudo isso, Atena pensava na guerra e nas medidas necessárias para vencê-la. Muitos desafios estavam por vir, pelo bem da terra e da humanidade.

Naquele momento Atena dava um passo essencial ao seu triunfo na guerra contra Poseidon que abalava a Terra, e em muitas outras em épocas vindouras.

Com o correr do tempo a força dos cavaleiros e amazonas vence a Guerra, mas não estanca a tristeza da deusa no pós-guerra. Atena tinha ousados planos para resolver essa nova situação. Asclépio aguardava ansiosamente o desenrolar desses planos.

NASCIAM AS SAGRADAS ARMADURAS DOS CAVALEIROS DE ATENA. A OUSADIA DE ATENA VENCE A GUERRA, MAS ALGO MAIOR AINDA ESTÁ POR VIR.

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