segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Capítulo 04 — O desejo de Atena


Confortavelmente sentada Atena revela o verdadeiro objetivo de sua viajem ao reino dos cristais, ao atento olhar de Asclépio.

— Acompanhaste a última batalha ocorrida na Superfície da Terra. A luta foi árdua e muitos de meus valorosos guerreiros perderam suas vidas. Não desejo que sacrifícios como esses ocorram novamente. Gostaria de poder curar o corpo e a alma de meus guerreiros, e evitar sua morte no campo de batalha.

Visivelmente emocionada Atena respira e se recompõe.

— Venho em busca de seu legado. O poder de cura a meus guerreiros. Legado a ser passado a novos oitenta e oito soldados, para minimizar a dor do passamento da morte ...

Asclépio percebendo o momento, confirmando informação já sabida previamente, faz brotar do chão três pequenos cristais de cores azul, dourado e branco.

— O cristal dourado representa a alma. Explica Asclépio. — O azul representa o corpo, e os cristais claros representam o equilíbrio buscado entre ambos. O branco é o equilíbrio perfeito, atingindo mas nunca possuído.

Atena associa o que acabara de ouvir como o sétimo sentido atingido em momentos de necessidade pela força de vontade na luta.

Como numa transmissão de pensamentos Asclépio e Atena olham um para o outro e Asclépio sorri.

— Esse equilíbrio compara-se ao sétimo sentido de seus cavaleiros. Não pensavas nisso Atena?

Ainda mais surpresa com a perspicácia de seu anfitrião, confirma Atena a informação.

— És transparente em sentimentos, Atena. Pondera o deus. — Seu amor á humanidade é notável.

Nesse momento com um leve movimento de braço surge na mão direita do deus um cajado. De cor dourada e ornamentado por uma serpente prateada entrelaçada no corpo do cajado, brilhava o objeto, principalmente os dentes da serpente esganiçados.

Asclépio segurando firme seu cajado bate com ele no chão.

— Esse cajado é meu legado de poder. O disseminador da cura aos enfermos de bom coração. Ele possui o pode da Redenção aos que não mais habitam esse mundo, e da Maldição àqueles que vivem para espalhar o mal.

Desviando seu olhar para o chão entre os tronos surge a imagem do campo de batalha na terra, toda a destruição causada, as dezenas de lápides dos guerreiros mortos e os enfermos.

Atena triste pela realidade de seu reino faz surgir seu báculo, e a Asclépio olha profundamente.

O deus entende ser o momento e pronuncia com imponência as palavras que selariam de vez a relação dos dois mundos.

— Eu Asclépio, senhor da cura, concedo a deusa Atena, senhora da Sabedoria e da Guerra Justa, regente do Sekai, meu legado, minha herança de conhecimento do corpo, espírito e da vida. Em troca exijo a propagação da Redenção, aos puros de coração, e da Maldição, aos impuros de alma, com a formação de uma legião de homens curadores de homens, viventes por todas as gerações da Superfície da Terra. E que a quem for merecedor, que se leve luz ou trevas.

Atena após audição silenciosa profere suas palavras.

— Aceito a oferta. Juro utilizar com sabedoria o legado recebido para o bem de todos os homens e mulheres de meu reino. Dando o tratamento merecido a quem for destinado a isso. Aos humanos, árduos defensores da Superfície da Terra, transmitirei o poder recebido, para que se faça a cura com a responsabilidade geração após geração. A nova ordem de Guerreiros sob meu comando, a Ordem de Serpentário que fará deste legado sua missão.

Os deuses, como em transmissão de pensamentos aproximam ao centro seus instrumentos de poder. O báculo de Atena, a representação da deusa Niké, fiel colaboração da deusa e outrora vital na batalha vencida contra Poseidon, brilha manifestando o quente a amoroso cosmo da deusa. Também Asclépio empunha com vigor seu cajado, manifestando todo o brilho de seu poderoso cosmo. A luz emanada pelos dois cosmos anula o brilho dos cristais e encerra a visão da Terra, antes compartilhada pelos deuses.

Após cessar o intenso brilho uma forte luz dourada se faz persente, e a serpente prateada do cajado do deus transferem-se ao báculo e Atena. Elas tomam a cor dourada e percorrem o corpo do objeto da base ao seu topo, repentinamente o brilho se desfaz em uma grande explosão. Como num Big-Bang surge no ar uma peça de cristal, e intercaladas as cores dourada e azul se manifestam, convertendo-se na cor branca similar ao pó de diamante dos céus da Sibéria Oriental.

Afastando-se os objetos levanta-se Asclépio, oferecendo gentilmente a mão para que também o faça Atena. Instantaneamente o trono ocupado por Atena retorna ao chão, da mesma forma como surgiu. Surgem como num piscar de olhos os cinco guerreiros que receberam a deusa em sua chegada àqueles domínios, em reverência.

Feliz por sua conquista em vitoriosa jornada e confortável com a presença dos guerreiros de Asclépio, Atena retribui a reverência recebida.

Asclépio repentinamente desaparece, e dentre os cristais ecoa a mensagem:

— Sigas em paz a seu lar, — Sekai —, que tanto amas e abriga os que por sua paz deram a vida. Leva conforto a seus súditos. Assim, dou minha missão divina como cumprida.

Os Lumini em formação de pentágono se levantam, acendem seu cosmo, e conduzem Atena de volta Terra.

Num jardim, em algum lugar de seu reino, Asclépio assiste a viajem de Atena. Certo da palavra de Atena, o portal se fecha. Atena já está em seus domínios.

Na Terra, Grécia, Atenas, no Templo de Niké-Atena, de pé no mais alto degrau da longa escadaria encontrava-se Leo de Áries, que de conhecimento do retorno de sua deusa ali se postava a recebê-la.

Uma grande luz surge no pé da escadaria, e como num piscar de olhos surge Atena a poucos metros do chão em suave descida. Leo, feliz por seu retorno, inicia sua descida em direção à Atena, quando repentinamente na velocidade da luz desce o Cavaleiro Dourado de Áries e toma a deusa nos braços. O grande esforço da viagem de volta a havia esgotado, e não mais de pé podia sustentar-se Atena.

Já em seus aposentos, após minucioso exame de saúde, a deusa por telepatia cumprimenta Áries que ansioso por notícias nas portas do grande salão aguardava.

— Obrigada por sua recepção e preocupação, Leo de Áries. Diz Atena. — Irei a Lemúria em quatro dias. Espero sempre poder contar com sua presença e proteção.

Leo, escondendo a satisfação por telepatia afirma.

— Sempre que for preciso estarei presente. É minha palavra como cavaleiro.

Atena coloca a cabeça no travesseiro com sua mente imersa em decisões a serem tomadas.

ATENA RECEBE O LEGADO DE ASCLÉPIO. BROTA A SEMENTE DA ORDEM DOS GUARDIÕES.

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