Quatro dias se passam e Atena após sua pronta recuperação, no alvorecer de um novo dia, segue escoltada por soldados ao porto aos fundos do templo. Seu destino era Lemúria, — a ilha dos alquimistas construtores de armaduras -, oculta do mundo comum pela força do enorme cosmo da deusa.
Na chegada ao porto, Atena portando seu báculo caminhava a passos suaves e determinados em direção ao navio que levava seu selo. Em meio a transparente névoa que ao lugar cobria, próximo a cais encontrava-se Régia, a Amazona Dourada da constelação de Peixes. A beleza em seus leves traços em nada se comparava a seu ardoroso espírito de luta e letalidade quando no campo de batalha.
Levantando-se da reverência, apresenta-se Régia. Sua veste sagrada reluzente tinha o dourado realçado pela capa em tecido, branca e flamulante à vontade da leve brisa do porto.
— Atena... Sou Régia de Peixes e serei sua escolta. Fui designada pelo Grande Mestre a essa tarefa.
Atena sorri carinhosamente e com um leve movimento de cabeça cumprimenta sua amazona, que segue navio adentro após a entrada da deusa. Atena estava focada na difícil tarefa que iniciaria a tantas pessoas.
No navio em seus aposentos Atena discretamente passa a Regia um pequeno objeto, uma das razões daquela tão planejada viagem.
Após longo tempo no mar sinais de terra são avistados, dobras de montanhas cobertas por um incomparável verde de florestas nativas. O cosmo de Atena abria aos olhos de Regia a lendária Lemúria, terra que a amazona jamais esqueceria.
Chegado o navio ao porto os sacerdotes Lemúrianos devidamente paramentados recebem Atena. Um tapete vermelho a aguardava e uma carruagem a levaria a teu confortável templo naquelas terras.
Recomendado pelos sacerdotes a deusa fez um breve descanso, protegida por todo o exército da ilha e da imponente presença da amazona dourada.
Duas horas após, um farto desjejum preparado especialmente à deusa fora oferecido. Regia, concentrada em todos os movimentos nas imediações do templo é convocada por Atena. Adentrando-se o ao saguão do templo uma grande mesa com muitas frutas e iguarias, algumas delas nativas e exclusivas das terras de Lemúria, fazia boa vista. Atena convida a amazona a também usufruir o banquete. Regia pega uma fruta e permanece a postos no saguão.
Minutos passados e acompanhada do Gran-Mestre Atena adentra o salão de reuniões do Gran-Conselho de Lemúria, sendo recebida a reverências por todos os doze mestres alquimistas que de pé os aguardavam.
Os mestres alquimistas neste momento possuíam em suas vestes os símbolos dos doze signos zodiacais, um a cada mestre indicando os responsáveis pela confecção de cada traje dourado do exército de Atena.
Ao centro a grande mesa havia um novo entalhe, o círculo com as doze constelações da linha equatorial. Com riqueza semelhante os assentos complementavam a beleza do local, com recostos que levavam imagem semelhante ricamente adornados em ouro, prata e bronze. Posicionados ao lado de seus correspondentes assentos estavam os Mestres Alquimistas, aguardando a acomodação de Atena e do Gran-Mestre.
Em assento ainda mais vistoso levando seu selo senta-se Atena, seguida do Gran-Mestre, e dos doze Mestres Alquimistas.
Ao lado de Atena encontrava-se outro assento destinado especialmente a sua escolta. Régia resiste a oferta visto sua missão de proteger a deusa, mas senta-se após sinal positivo de Atena, agradecendo a gentileza dos Lemúrianos com um movimento de cabeça.
Atena sinaliza a Régia que do peitoral de sua armadura retira um pequeno cristal de três cores e a entrega.
— Obrigado a todos pela sua disponibilidade e recepção calorosa. Diz Atena. — Estou sempre preocupada com a vida de meus guerreiros, e não gosto de vê-los perde-la no campo de batalha. Por isso fiz uma longa jornada ao reino de Asclépio, o deus da cura. No reino dos Cristais buscava o seu legado, o poder da cura.
Exibindo o cristal herdado de Asclépio, a deusa o faz flutuar e separa a peça única em três partes nas cores azul, amarelo e branco.
— Esses cristal representam a essência da vida. A parte dourada simboliza a alma, o espírito de luta, o cosmos. A cor azul representa o físico, a matéria, o corpo dos guerreiros. O branco é a conjunção do espírito e matéria, corpo e alma.
Atena faz os cristais unirem-se novamente ele se torna branco com um brilho ainda mais intenso.
— Criarei uma nova ordem de guerreiros, a Ordem dos Guardiões, Prossegue Atena. — Os Aurum e as Auras serão em oitenta e oito guerreiros, seguindo a ordem dos Cavaleiros e Amazonas. Serão liderados pelo Cavaleiro Dourado de Serpentário, o Décimo Terceiro Cavaleiros de Ouro.
Os Lemúrianos demonstram sua admiração por tão cuidadoso projeto elaborado por Atena, estando sempre atentos as palavras e olhar de sua deusa.
— Essa ordem secreta curara as feridas e restaurara os níveis de cosmo dos cavaleiros e amazonas durante e após as batalhas. Diz Atena. — As vestes sagradas dessa nova ordem serão as “Crystallus”, feitas do mais puro cristal.
Atena busca as três pequenas urnas postas sobre a mesa, solicitadas quando de sua chegada a Lemúria.
O cristal branco, ainda flutuando e brilhante, explode desfazendo-se em poeira brilhante nas três cores. Atena dirige o pó de cada cor à uma urna distinta, reunindo as três urnas e colocando-as em uma grande caixa também presente na mesa.
— Esses cristais serão transmutados nas Crystallus dos Guardiões, e confio aos Mestres Alquimistas de Lemúria, — Senhores da ciência mais antiga da Terra — essa tarefa.
Honrados com tão importante missão, os Mestres Alquimistas demonstraram otimismo em seu novo desafio. Respondendo por todos os Mestres Lemúrianos, manifesta-se o Gran-Mestre:
— Muito nos honra receber uma nova missão direta, Senhora Atena. Faremos o necessário para atender vosso desejo. Acompanhamos sua angústia durante a última guerra. A ordem dos guardiões será formada, conforme sua vontade.
Todos os Mestres Lemúrianos acenam confirmando as palavras do Gran-Mestre.
Diante de tal comprometimento Atena expõe sobre a mesa um pergaminho.
— Nessas linhas estão as instruções principais. A força do espírito e matéria dos guardiões. Conto novamente com vocês.
Por alguns segundos paira um grande silêncio no ar.
Atena levanta-se seguida por todos os demais. O Gran-Mestre recebe da deusa a responsabilidade da guarda da caixa com o pó de cristais e do pergaminho.
Finda a reunião Atena segue de volta a seu navio, aclamada por uma multidão de lemúrianos educadamente organizados no caminho do porto.
No cais, quando da despedida final aos Mestres Alquimistas, subitamente surge da multidão um jovem rapaz. Régia de Peixes imediatamente saca uma rosa vermelha e parte a defender sua protegida, quando com um movimento de mão Atena a interrompe.
Régia detém sua investida e o jovem se aproxima em reverência a Atena,
— Chamo-me Teon. Diz o jovem. — É meu grande sonho sagrar-se teu Cavaleiro. Seria para mim uma honra defendê-la. Daria a minha vida pela tua, Atena.
Impressionada com a força de espírito demonstrada por Teon, Atena responde ao jovem.
— Obrigada. Creio em tuas palavras e tenho certeza que teu sonho é possível.
Teon tinha os olhos brilhantes de êxtase pelas doces e firmes palavras de Atena, que prossegue.
— A esperança é a essência dos Cavaleiros e Amazonas. Define o espírito de luta de um guerreiro, e é sua fonte de poder. Tens esse poder, e para quem o possui nada é impossível.
Ainda mais sorridente, agradece Teon.
— Nunca perderei a esperança e não abdicarei desse poder. Tenho certeza que vestirei um dia ...
Entorpecido de emoção e com o coração acelerado o jovem dá uma pausa e faz uma longa respiração.
— Um traje sagrado. Completa Teon a frase. — E a defenderei com o mesmo ardor que sua protetora.
Teon olha para Régia em busca de seus olhos, ocultos pela máscara da amazona. Como se pudesse vê-los através dessa barreira Teon fixa seus olhos e Regia desvia o rosto.
— Serei tão forte quanto Régia de Peixes, a flor dos olhos dos quais talvez nunca saberei a cor.
Ainda com o rosto de lado, resmunga Régia.
— Azuis ..., dos olhos azuis.
Teon sorri, feliz pela atenção recebida pela bela amazona.
— A flor dos olhos azuis, completa Teon em reverência a Atena saindo correndo em meio à multidão, do mesmo jeito que surgira.
Atena embarca seguida por Régia, que antes de subir ao convés olha para trás em busca de algo em meio à multidão.
— Aquele brilho! Pensa Régia. — Eu o conheço. Já brilharam assim os meus ... há algum tempo atrás.
A caminho de Atenas, com as ondas do mar de paisagem, a janela de seus aposentos Atena pensa. Ela sente que aquele olhar cheio de esperança e brilho sincero, quentes como o cosmo, tornariam a ser vistos em breve. Régia à porta tinha isso como certo.
De volta ao continente, em seu salão, Atena refletia sobre a criação da ordem dos guardiões quando chega o Grande Mestre atendendo a seu chamado.
— As suas ordens, Atena. Diz o Grande Mestre.
Carinhosamente, a deusa o recebe.
— Obrigada por chegar tão prontamente. Inicia Atena. - Quais são as condições estruturais das ruínas próximas ao porto?
Com o pleno conhecimento dos planos de Atena ...
— A área encontra-se em boas condições. Responde o Grande Mestre. — Atende perfeitamente ao que desejas. O isolamento ainda maior que o porto o torna especialmente estratégico. Apenas os Cavaleiros de Ouro sabem de sua existência.
— Perfeito. Conclui Atena. Siga conforme o planejado.
ESTAVAM ESCRITAS AS PRIMEIRAS LINHAS DA HISTÓRIA DA ORDEM DOS GUARDIÕES. TEON, O JOVEM LEMURIANO, QUAIS SURPREZAS GUARDARIAM SEU FUTURO?
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