sábado, 27 de maio de 2017

Capítulo 021 - Amazona e Aura


Os meses passam e Riana, uma das mais novas recrutas, de origem desconhecida, se destaca nas fases iniciais do treinamento. Pouco se sabia de sua constelação guardiã, mas que seria uma grande amazona não se tinha dúvidas.

O desejo de Riana de rever sua família era revertido em determinação de sagrar-se amazona de Atena, e futuramente proteger toda a sua localidade dos mercenários que por ali viviam.

VILA DE GALES

A vila de Gales era um local pacato. Como terra de camponeses, seus habitantes viviam junto ao bosque com a colheita de grãos, sementes, caça e extrativismo da exuberante floresta repleta de espécies alimentícias e curativas.

Pouco depois dos confrontos contra os soldados que vinham do mar e retomada da ilha, muito havia para ser reconstruído. O clima era bom até o momento que um grupo de mercenários surge garantindo proteção e cobrando altos preços pra isso.

Além da cobrança de porcentagens e até mesmo porções inteiras de alimentos e caça, os mercenários levavam as mulheres e meninas como pagamento. Quem aceitava dar suas filhas, pressionado pela violência física e psicológica que sofriam, nunca mais as viam.

Eles viviam na parte densa da floresta, na porção que seguia por dentre as colinas distantes. Nesse local ninguém ousava entrar. Os que se propunham a caçar nessa região não retornavam, e as cabanas de caça estavam abandonadas.

Com a saída de Riana, dada aos mercenários como pagamento, e de sua partida com a mulher do exército de Atena, Gales vivia em paz. Desse momento de alegria já havia se passado dois anos.

Os Mercenários foram expulsos pelas famílias, que rejeitaram sua “proteção” em tempos de paz.

Na mata fechada, envoltos pelo esquecimento que o tempo trouxera, um grupo de mercenários resolveram voltar em breve a Gales. Em especial pretendiam visitar uma residência, a do Sr. Paul.

TEMPO PRESENTE

Estava tudo organizado e a tropa de mercenários desce mata afora pela madrugada.  Todas as casas foram abordadas, e para a residência do Sr. Paul haviam cinco homens cercando a casa por todos os lados.

A senhora Rita e o Sr. Paul foram isolados, e dois homens procuravam pelas jovens Maria e Annie.  As jovens magras e de cabelos castanhos estavam tão formosas quanto a irmã na mesma idade.

As meninas se esconderam no porão, e de lá podiam ver a movimentação nas ruas. O que se via eram grupos de três homens invadindo cada casa da vila. Gritos de mulheres eram ouvidos, e o cenário era do completo terror de dois anos atrás.

A situação caótica fez Maria se enfurecer, e em volta de seu corpo surgiu uma luz azulada. Ela se levantou, e pela porta do porão foi derrubando um a um dos quatro homens que ali estavam.

Ela salva seus pais, e sai de casa em casa provocando o terror dessa vez entre os mercenários. Os que percebiam fugiam, mas Maria estava no limite de suas forças e cai.

SANTUÁRIO

A onda de cosmo emanada por Maria atinge diversas pessoas sensíveis do Santuário, em especial Rivia pelos laços familiares.

Temendo pelo pior, visto a súbita interrupção da transmissão de cosmo, Luge identifica como conhecido o rastro deixado pelo cosmo, e buscando Sarah parte para aquelas terras.

VILA DE GALES

Os mercenários, que se beneficiavam do caos causado e da debilidade da maioria dos moradores, vê a necessidade da retirada pela aproximação de Maria. Com a queda da jovem os planos incluem levá-la as áreas mais altas, visto o levante popular que se construía, quando um novo despertar de cosmo ocorre.

A luz emanada por Annie, como flecha cega a todos. O clarão se dissipa em pequenos pontos luminosos que queimavam os agressores como lava vulcânica. Maria estranhamente se encontrava de pé, como se não houvesse caído há momentos atrás esgotada.

Os mercenários estavam atônitos, quando dois clarões de luz surgem do nada, como um portal para outro mundo. Luge e Sarah surgem em meio a todos, e um grande impacto é sofrido por todos os invasores. A grande pressão por todo o corpo fazem todos perderem a consciência. A técnica de Luge elimina toda a ameaça a vila de uma só vez.

Annie também fica esgotada, mas antes de cair é amparada por Maria. Segundos antes de apagar por completo a menina sorri ao se ver nos braços de Maria.

— Eu te protegi.  Balbucia Annie. — Eu te protegi.

Luge e Sarah são reconhecidos pela família, e Luge completa.

— Você conseguiu sim. Você protegeu sua irmã.

A menina desmaia por completo com um sorriso no rosto.

Todos começam a enxergar em volta depois do grande clarão, e sorriem pela presença do casal que outras vezes ali estiveram para ajudar.

Luge pega Annie no colo, e se aproximam da casa das meninas sendo calorosamente recebidos pelo casal Rita e Paul. Luge deixa as meninas no quarto, olha para Sarah e sai. A aura sabia o que se passara na mente de Luge, e tenta contê-lo. Luge a afasta, e sinaliza que não.

No lado de fora, em meio aos tantos corpos dos invasores jogados para fora das casas, Luge vê um dos mercenários que sai atordoado dos fundos da casa de dona Rita.

O aurum sai em sua direção, mas uma voz mais atrás o contém.

— Pare Luge! Afirma. — Essa não é sua missão aqui.

Era Sig de Gêmeos que acabara de se teleportar pelo espaço-tempo.

— Mas ... Revolta-se Luge. — Senhor ... Eles matam a todos, machucam as mulheres. Eles precisam ...

Sig retruca Luge, olhando fixamente em seus olhos.

— Eu sei.  Responde. — Mas isso não é sua missão aqui. Garanta a integridade da amazona e da aura. Eu cuido do resto. Será pior do que você faria.

Luge, resignado obedece. Ele segue para a casa das jovens, onde junto a Sarah explica tudo o que viria depois, além de ajudar a arrumar a bagunça que haviam deixado.

Sig percebeu que os mercenários largados na área central da vila acordariam, e lhes aplica a técnica “Outra Dimensão”. Os que por ali estavam se assustam com o poder de Sig,.  O jeito calado o aurum não ajudavaria muito.

— Somos do exército da deusa Atena. Explica Sig aos presentes. — Lutamos por justiça, e eles terão o castigo devido. Hoje serão três filhas de Gales no exército de Atena,  ajudando a quem precisa. A luz da justiça nunca abandonará esta vila. Saibam disso.

Sig encontra com o mercenário que seria massacrado por Luge, poupado da viagem, interdimensional por um único propósito.

— Leve-me onde estão os outros mercenários. Ordena Sig.

— Não farei isso. Nunca! Retruca o homem.

— Parece que vou ter que pegar pesado com você. Alerta o aurum.

Sig inflama seu cosmo, e um grande brilho como uma flecha atravessa a cabeça do mercenário. Ele sente ser tomado pela luz, e não mais tem o controle de sua vontade.

— Tenho o controle. Anuncia Sig. — Agora me leve onde quero ir.

O homem segue mata adentro para o espanto de todos.

Luge e Sarah sentem que a tensão que trazia Sig se dissipara.

A madrugada já estava avançada e ao amanhecer as meninas seguiriam para o Santuário de Atena para se juntarem a Rivia, futura amazona de Ursa Menor, em moradia própria para as três. A casa estava localizada num vilarejo em formação nos arredores do Santuário.

O dia está nascendo, e a vila parecia respirar aliviada daquela noite tenebrosa.  Maria e Annie seguem com Sarah e Luge. Sarah estava feliz, mas Luge estava distante. Ele não tirava da cabeça a frase ouvida da própria boca de Sig: “Será pior do que você faria”.

— Que espécie de homem seria Sig. Pensava Luge, visto o que ele tinha em mente fazer com aquele invasor.

O dia amanhece e no meio da mata fechada estava Sig, oculto entre as árvores de onde se observava o quartel general dos mercenários.

Com a forte efusão dos raios de sol ficava mais visível a construção semelhante aos templos do Santuário montanha acima. Um enorme clarão na mata se via, e mais ao pé do morro havia uma espécie de campo de treinamento, como se ali se formassem cavaleiros e amazonas. Um caminho de pedra morro acima levaria a uma grande construção no ponto mais alto da clareira, um exuberante templo digno da liderança daqueles soldados.

A marionete de Sig seguia, e ninguém se importava com sua presença. Ele seguia pedra acima, e Sig podia perceber o número de guardas e as dificuldades do caminho.

Quando da chegada do mercenário a entrada de um templo mais simples, após o campo de treinamento, o controle de Sig é subitamente interrompido. Um cosmo negro poderoso emana e inunda o local. A reação de todos é de medo, pois o líder dos mercenários desceria a base da montanha.

Minutos depois um homem de porte grande, coberto com uma capa foi abrindo caminho, olhando para o ponto da mata onde se encontrava Sig e rindo alto.

— Parece que Atena está recrutando covardes agora. Zomba o líder dos mercenários. — Ratos que se escondem nas sombras.

— Seus olhos me acharam Pavão. Retruca o ainda oculto Sig. — Os percebi desde que cheguei aqui.

O homem misterioso sacode sua capa e a retira. Um brilho negro exótico reflete os raios de sol..

— Sou Lord, o Pavão Negro! Em voz alta se apresenta o líder dos mercenários. — Mas ... por que se oculta, Cavaleiro? Será de ouro ou prata. Alguém de bronze não se atreveria a vir até aqui.

Sig sai para a luz, para o clarão do sol já intensificava o dia.

— Sou Sig, mas não sou cavaleiro. Responde. — O que sou não posso dizer, mas também você não entenderia.

— Seja como for, não importa, pois estará morto nos próximos minutos. Lord estava confiante. — Assim sem proteção será muito fácil.

Sig ri, e sua crystalus começa a se montar em seu corpo.

— Nunca vesti uma armadura, e não perdi para ninguém até agora. Vamos ver como você se sai Pavão Negro.

Lord ri.

— Se viu meus olhos terá a chance única de saber o que eles podem fazer.  Comenta Lord. — Olhar de fogo! Suavemente anuncia o Pavão Negro.

Sig sente o ambiente ao seu redor subitamente aumentar de temperatura, e age rapidamente.

— Outra Dimensão!

Sig e Lord surgem no espaço-tempo para a surpresa do cavaleiro negro.

— O que é isso ... Quer me prender aqui? Zomba Lord. — Meus olhos me guiarão de volta.

Lord estava confiante na sua habilidade, mas Sig ri.

— Seus olhos não o tirarão dessa dimensão. Responde Sig. — Tente o quanto quiser.

Lord tentava conectar seus olhos, mas nada conseguia, e na vila a sensação de vigilância cessara por momentos. O cavaleiro negro estava irritado.

— Tire-me daqui. Esbraveja Lord. — Mergulho do Abismo!

A aura do pavão negro se inflama, mas nada acontece.

— Como!? Lord estava ainda mais irritado.

Sig transporta a todos de volta, a base da montanha de Gales.

— Agora que está em meus domínios você sentirá o meu poder, cavaleiro. Afirma Lord.

O cavaleiro acende seu cosmo negro, concentra, e reativa seus cem olhos espalhados por toda a vila, mas novamente nada acontece.

— O que é isso!? Esbraveja Lord. — Aconteceu de novo. Mês olhos, onde estão?

— Eles estão no mesmo lugar. Responde Sig. — Mas não pode controlá-los. Ao te enviar para a outra dimensão cortei seus laços com eles, e como eu te controlo agora são meus olhos.

— Maldito! Furioso grita Lord. — Acabarei com você agora! Mergulho do Abismo!

Lord parte para cima de Sig, numa velocidade que causa o oponente uma ilusão. Ele surge por trás do aurum e projeta os dois corpos para o alto. Repentinamente o movimento é revertido, e como numa investida contra o solo os corpos são arremessados ao chão. Há uns cem metros do solo Lord se desvincula de Sig e pousa levemente.

Lord aguarda a queda do corpo de Sig, mas nada acontece. Os segundos passam e o cavaleiro negro não entende.

Momentos depois Sig pousa ainda mais leve que Lord.

— Interessante sua técnica, pavão negro. Comenta Sig. — Mas uma técnica já vista não funciona.

— Como!? Lord não entendia. — Você não a viu!

— Eu vi.  Retruca Sig. — No vortex do espaço-tempo tudo é diferente. Eu vi sua técnica e me esquivei. Você nem percebeu. Aquela dimensão é meu território.

— Desgraçado! O cavaleiro negro estava atônito, pois não sabia como agir contra Sig.

— Mas chega disso! Dimensão! Define Sig.

Todo o pé da montanha é reconstruído numa dimensão paralela. Todos estavam assustados, mas partem juntos contra Sig.

— Coitados! Zomba Sig. — Explosão Galáctica!

Lord estava apavorado com o poder de Sig.

— Então esse é o poder de um guerreiro dourado, Sig de Gêmeos? Indaga Lord.

Sig ri.

— Você me conhecia? Brinca Sig. — Não acreditei que tinha ficado em dúvida sobre mim.  Senti seus olhos desde quando cheguei, e deixei que vissem um pouco.

— Sempre se vangloriando! Comenta Lord.

O aurum olha o ambiente e só vê o cavaleiro negro.

— Prometi a um jovem que sofreriam muito. Comenta Sig. — Parece que só falta você.

— Pensa que vencerá? Lord estava confiante. — Vi sua técnica. Vamos! Punho Negro!

— Explosão Galáctica! Libera Sig sua cosmoenergia!

Lord desvia da rajada de energia de Sig, mas o aurum aparece detrás do cavaleiro negro.

— Desculpe, mas precisei ser mais cuidadoso desta vez. Comenta Sig. — Explosão Galactica!

Sig explode a energia de seu punho nas costas de Lord. A luz ofusca tudo, e junto a luz refletida na crystalus de Lord, os olhos do pavão negro se dissipam.  A ilusão da dimensão alternativa se encerra, e pelas árvores podia-se ser o impacto dos três momentos em que Sig utilizou sua técnica suprema.

Aquela batalha estava terminada, mas o cavaleiro negro de pavão não seria o único. As pessoas estavam em perigo, e Atena precisava ser avisada.

Sig se teletransporta para casa, e os ares de paz pairavam em Gales com o dissipar do medo negro vindo da floresta e da montanha.

Os dias seguem e as pessoas, livres da vigilância e da pressão do cosmo negro de Lord adentram a floresta, encontrando um antigo templo consagrado a Atena em tempos antigos.

Sig, Teon, Lyra e Atena teriam um importante assunto a tratar. Uma nova ameaça ira por a prova a força dos cavaleiros, amazonas, aurum e auras da deusa.


A NOVA MISSÃO EM GALES TROUXE A TONA MUITO MAIS QUE RECRUTAS. A DESCOBERTA DE NOVOS INIMIGOS MOVIMENTARÁ O SANTUÁRIO NOVAMENTE APÓS A GRANDE GUERRA SANTA.

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