Era mais uma bela noite em Atenas, e Anryu, — o Cavaleiro de Dourado de Câncer —, olha ao céu e o brilhar das estrelas o faz lembrar de sua história. O brilho de um punhado de estrelas que lhe concedeu sua nova vida.
GUERRA SANTA — DOIS ANOS ATRÁS
A Guerra Santa se desenrolava e era grande a perda de vidas humanas no confronto.
Os confrontos localizados nas diversas regiões da Terra dizimavam populações inteiras, incluindo mulheres e crianças. Os jovens e adultos estavam na linha de frente tentando impedir o avanço dos soldados das águas e proteger os mais frágeis, mas frequentemente não conseguiam.
Atena sofria, pois sentia cada perda humana como parte de sua vida se esvaindo, mas uma perda em específico abalou o cosmo da deusa como uma forte pontada em seu coração.
A morte ocorrera nas terras baixas do hemisfério sul, numa região próxima à grandes quedas d’agua em meio a densa floresta que a acercava.
No peito uma enorme sensação de perda, e no céu a constelação de Câncer perdia parte de seu brilho.
O assunto ocupara a mente de Atena, quando decidida em resolver tal situação saia a deusa de seu salão a passos firmes.
No caminho seguido pela deusa estavam dois jovens guerreiros, que surpresos a interpelam.
— Boa tarde, deusa Atena.
Surpresa com suas presenças, responde a deusa.
— Boa tarde, Sig e Ozir. Não os havia percebido, desculpe.
Sig e Ozir estranham a desatenção de Atena.
— Não se preocupe conosco. Responde Sig
— É a ti que nos preocupa. Continua Ozir. — Ao local aonde vais com tanta determinação, nós poderíamos acompanhá-la?
— Sentimos uma distorção no céu. Completa Sig. — Alguma estrela se apagou.
— Acreditamos que isso é o que a preocupa. Aponta Ozir — Gostaríamos de acompanhá-la. Sua segurança não pode estar em risco. Completa.
Atena confortada pelas palavras de seus dois valorosos guerreiros volta-se a eles e diz
— Vamos ao Yomotsu Hirasaka!
Os gêmeos Sig e Ozir se surpreendem com o destino.
— O mundo dos mortos? Surpreende-se Sig.
— O local onde vagam as almas em direção ao Mekai. Esclarece Ozir.
Com a determinação estampada a face Atena olha o céu.
— Resgatarei certa alma que perdi para Hades. Afirma Atena. — Precisamos manter a Terra em equilíbrio em tempos de guerra.
Atena envolve Sig e Ozir em bolhas de energia e todos partem em direção ao céu. O objetivo era o Sekishiki, um portal existente entre as estrelas da constelação de câncer, e a entrada para o Yomotsu Hirasaka.
Os três chegam ao Yomotsu, onde se podia ver a fila de almas humanas indo em direção a colina do Yomotsu, para sua morte sem retorno. Em meio a elas uma reluzia em especial.
Atena segue em direção a alma que desequilibrara a Terra com sua partida, quando é intercedida por Stand de Besouro Mortal, a Estrela Terrena da Feiúra, umas das cento e oito estrelas malignas do exército de Hades.
Sig e Ozir imediatamente se posicionam respectivamente entre Stand e Atena, e ao lado da deusa, quando uma densa voz a todos interrompe.
— O que fazes em meus domínios, Atena? Viestes buscar teu elo perdido?
Com vigor retruca Atena.
— Hades, vim buscar uma alma que ainda vive. A ti, ela não serve de nada.
Hades acha graça das palavras que ouve.
— Te equivocas, Atena. Caído no vale do Yomotsu Hirasaka, nada permanece vivo. Toda luz que tivera outrora se apaga, e passa a ser a minha alma por toda a eternidade.
Calma, apesar da situação adversa, e com a alma de luz que fora buscar Atena cada vez mais próxima da morte prossegue a deusa.
— Preciso manter o equilíbrio na Terra. Não tive a intenção de perturbar teu sono. Mas terei o que quero custe o que custar! Já perdi muitas almas para teu reino.
Atena olha para a fila de almas que prosseguem ao vale do Yomotsu.
— Dezenas de milhares em troca de apenas de apenas uma, considero até uma troca injusta.
O silêncio se faz ecoar no espaço, e após segundos de angústia responde Hades.
— Certo. É um pedido justo. Uma alma não a fará vencer a guerra. Muitas milhares de almas me presenteia Poseidon. Stand ... deixe-os passar! Pegue o que quer e saia! Não gosto de convidados indesejados!
Atena resgata a alma que almejava e em quatro esferas de luz saem do Yomotsu Hirasaka em direção a uma densa floresta na Terra, devastada pelos marinas.
Sig e Ozir ao leve movimento das mãos destroem os marinas que ocupavam o lugar, enquanto a alma retornava ao seu corpo.
O jovem de aproximadamente quinze anos acorda assustado.
— Estou de volta. Mas o que aconteceu?
O cosmo de Atena reluz e sua luz amável afasta o medo de seu coração tranquilizando-o. O rapaz que antes tinha testa franzida e olhar desconfiado agora sorri.
— Quem é você? Pergunta o jovem.
Atena toca o rosto do rapaz.
— Sou Atena. O resgatei da morte, por tua vontade de viver.
Repentinamente o cosmo do jovem brilha de forma tão intensa que a toda a floresta ilumina, como um clarão de luz.
Sig e Ozir olham um para o outro, e como numa transmissão de pensamento, juntos concluem:
— Renasce uma estrela.
Em plena harmonia com seus guerreiros completa Atena.
— E Câncer recupera seu brilho.
Apavorado com a manifestação de seu poder indaga o jovem:
— O que é tudo isso? Sinto como se fluísse energia por entre meus dedos.
E ao movimenta-los perfeitas esferas azuis surgem flutuando no espaço.
— Anryu ... Sua experiência de quase morte despertou teu cosmo. Explica Atena.
Assustado, Anryu pergunta
— Como sabe meu nome?
Como em tantas outras vezes Atena sorri.
— Sou uma deusa ... Li em tua mente. Percebi o apagar de tua vida, e junto a ela o enfraquecer de tua constelação guardiã.
Atena aponta para o céu a constelação de Câncer.
— Tens o poder de lidar com a vida e a morte. Está escrito em teu signo de vida. Lute ao meu lado. Junte-se a Sig e Ozir. Assim poderemos salvar a Terra dos invasores das águas, os guerreiros Marinas de Poseidon, o Senhor dos Mares.
Anryu olha a volta e vê muitos corpos, dentre eles o de um marina. Se aproxima, retira sua máscara, e este lhe implora misericórdia.
— Maldito! Diz Anryu.
Atena toca seu ombro e Anryu com um movimento de mão separa corpo e alma do marina. Atena envolve a alma numa esfera de luz, que em seguida explode.
Sig e Ozir ficam surpresos com o poder de Anryu, considerando este tê-lo despertado naquele instante.
— Quero enterrar a todos. Diz Anryu. — Eram minha família. Todos eles.
Os gêmeos se olham.
— Nós o ajudaremos. Solidários dizem Sig e Ozir.
Algumas horas depois, já caída a noite, Anryu coloca a última pedra sobre um túmulo em especial.
— Vingarei tua morte, irmão. Não viveste quase nada. Mas sua existência marcou minha vida.
Olhando ao redor, aos túmulos que o local agora tinha, ele profere sua indignação.
— Marcarei a todos que isso fizeram. Os brindarei com a morte, assim como fizeram conosco.
Atena, Sig, Ozir e Anryu são envoltos pela luz e seguem ao templo da deusa em Atenas. Naquele dia a constelação de Câncer recuperou seu brilho, e um brilho especial se fez presente no céu, o signo de gêmeos reluziu duas vezes mais forte.
ÉPOCA ATUAL
Anryu lembra-se de Atena, pessoa a quem deve seu renascer. Parado ao contemplar o céu pensa:
Atena ... A ti nada ocorrerá. Ninguém mais atingirá minha família. Nunca mais.
ANRYU RENASCEU PELAS MÃOS DE ATENA, SUA NOVA FAMÍLIA. O CAVALEIRO DE CÂNCER ENTRA EM CENA. O ELO REENCONTADO PELO EQUILÍBRIO DA TERRA.
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