Enquanto Ozir tentava esquecer a dúvida que habitava sua mente, na Sibéria Ada teria algumas boas teorias sobre a história de Sig.
SIBÉRIA
O avanço de Ariadne em sua missão em busca do conhecimento das estrelas era notável. Ada, mais experiente, vê com a alegria o aprendizado da amiga, mas sofre por não poder compartilhar com ela todas as boas notícias.
Ada se lembra da visita de Atena, e da missão que recebera pelo dom que sequer havia se dado conta possuir.
TRÊS DIAS ATRÁS
Ada estava organizando os pergaminhos da Biblioteca Oculta de Graad, quando uma passagem se abre no espaço. Surgem Atena e uma Amazona portando uma belíssima Armadura azul escuro, reluzente sob a luz refletida dos diamantes ao alto da gruta.
Ada de pronto faz a reverência a deusa, que carinhosamente a acolhera em seu templo em Atenas.
— Obrigado, Ada, diz Atena.
Conhecedora dos fatos do templo de Atena, Ada mostra-se feliz por reconhecer uma amazona.
— Lyra ... Comenta Ada com alegria.
Com admiração em seu olhar completa Atena.
— Lyra de Ophiucus.
Saudosa por ver uma armadura, algo tão sonhado para si, Ada se empolga.
— Sim ... Afirma Ada. Ophiucus, o "Serpentário" de Asclépio, o deus da cura.
Atena, observando o nível de conhecimento de tão jovem pessoa, logo percebe estar com a pessoa certa.
— Isso mesmo, Ada! Saúda Atena. — Sábia, apesar de tua juventude. Em breve virá a este lugar Ariadne de Aquário. Gostaria que a orientasse nos estudos sobre as estrelas. Quero que lhe ajude com os pergaminhos sobre o assunto. Esta missão é de suma importância. Espero poder contar contigo. Completa Atena.
Ada fica ainda mais empolgada por ter recebido missão da própria deusa Atena.
— Sim, com certeza Atena. Eu ... Começa, mas em respeito interrompe sua fala Ada
Atena sorri.
— Pode continuar, Ada. Diz Atena.
Ada estava curiosa sobre a constelação de Gêmeos.
— Notei algo diferente no céu noite passada. Continua Ada.
Como na audiência com Ozir, Atena se antecipa a Ada.
— Refere-se a Constelação de Gêmeos, eu suponho. Conclui Atena.
Ada sorri.
— Sim, ela recuperou seu brilho perdido. Comenta Ada. — Será possível que o irmão do Senhor Ozir ... esteja vivo?
Atena balança a cabeça.
— Creio que tenha despertado. Afirma Atena. — Sig não morrera naquele confronto. Meu cosmo não sentiu o apagar completo de tua chama de vida. E além disso, Anryu não viu sua alma no Yomotsu. Algo aconteceu ... Precisamos descobrir o que foi. Preciso de seu dom Ada. Ache Sig pelas estrelas. Pede Atena.
Honrada pelo que acabara de ouvir de Atena, doces palavras a seus ouvidos, Ada pensa.
— Meu dom? ... Eu também tenho um dom! ... Nunca imaginei que tivesse um ... Atena o encontrou e o reconheceu ... Agora serei útil de verdade a Deusa Atena ...
Atena acompanha Ada em seus pensamentos eufóricos e sorri. Ada volta a realidade e Lyra as conduz a plataforma de gelo para que Ada contemple o céu.
— Pela frequência do novo brilho... Analisa Ada. — Tudo voltou ao que era antes. Sem nenhuma alteração. Talvez o lugar ainda seja o mesmo. Sig talvez dormira e agora desperta no mesmo lugar onde ocorreu a batalha. Na mesma ilha onde lutara. Conclui Ada.
Atena fica contente com a nova possibilidade.
— Sim ... faz sentido. Comemora Atena. Já tenho por onde começar. Muito obrigada, Ada. Tudo se encaminha para boas notícias.
Ambas retornam a gruta e Atena encerra sua visita.
— Aguarde notícias, Ada. Receba Ariadne de Aquário. Conclui Atena o momento.
Ada faz reverência a Atena, e no mesmo portal no espaço onde chegaram agora partem Atena e Lyra.
Atena orienta Lyra a levá-las a uma região de muitas ilhas, incrustada no Oceano Atlântico Norte acima do Trópico de Câncer. A região com grande atividade vulcânica, estava localizada num baia. Neste local as correntes marítimas são por vezes implacáveis, com direções diversas, intensas e instáveis.
Nessa região ocorrera uma grande luta, onde Sig pelo bem de Atena e de uma ilha tem sua vida completamente mudada.
ILHA DO ATLÂNTICO
Atena e Lyra chegam a ilha, e não mais vêem as marcas da cruel batalha ali ocorrida. Passada a praia e a vegetação mais adentro ao continente, Atena teria motivos para sorrir.
O cosmo de Sig é novamente percebido, para a grande alegria de Atena. Antes mesmo de chegar ao casebre onde agora vivia Sig era possível avistá-lo cortando lenha para seus senhorios.
Sig percebera desde sua chegada o cosmo de Atena, e preparava-se para recebê-la, ainda em dúvida de sua real intenção.
Atena percebe a cálida energia daquele ambiente, e pode prever o cuidado a Sig dispensado. Ela se lembra de Ozir e tem a certeza de que sua missão será bem sucedida naquele lugar e naquele momento.
A Sig, a deusa tinha uma proposta, mas apesar de saber que sairia vitoriosa, sente que seria uma difícil conversa.
— Sig. Fico feliz que tenhas despertado. Sorri Atena. — Sabia que não estavas morto. Esperava ansiosa por este momento.
A senhora que cuidara de Sig todo esse tempo aparece e cumprimenta Atena.
— Olá. Então essa é a jovem que você disse que viria, meu rapaz?
Sig olha para Atena, sem encara-la.
— Sim. Responde Sig.
A senhora olha para Atena, longamente.
— Sinto uma energia tão quente vindo dela. Parece uma deusa. Admira a Senhora.
Atena sorri, sentindo o carinho das palavras que ouvira.
— Obrigado. Diz Atena. — Sou a deusa Atena.
Muito sagaz, fica por segundos pensativa a senhora.
— Foi você que levou Aaron de nós? Indaga.
Atena sorri.
— Sim, e ele agora defenderá a todos do planeta. Responde Atena.
A simpática e falastrona senhora sorri.
— Mas foi justa. Levou Aaron, mas deixou Sig. Comenta a senhora. — Mesmo dormindo protegeu a todos. Todas as tentativas de invasão foram frustradas. Não sei explicar. Sei que de seu corpo dormido saia uma energia que a todos os inimigos misteriosamente destruía.
A mente da senhora passeava a lembrança de Aaron e de seu irmão, que ela ia narrando.
— Mas você fez muito bem pra ele ... Levando ele daqui. Eu gostava dele. Cuidei de seu irmão quando se perdeu no mar pescando, e acabou vindo parar nessa praia.
Um ar de tristeza se estampa em seu rosto.
— Mas não podia dizer pra Aaron que seu irmão estava vivo. Ted não deixava. Mas ele sumiu um pouco depois. Foi tragado pelo mar.
Nesse momento, enquanto a Senhora continuava sua narrativa, Sig fica pensativo sobre seu último adversário.
— Ted? ... Que infeliz coincidência... Um irmão com a missão de derrotar o outro... Destinos ...
A senhora olha para Sig e percebe seu desligamento.
— Ted era muito diferente de Aaron. Continua a Senhora. — Não era generoso e amável como o irmão. Era teimoso e arrogante. Abandonou a própria filha. E olha que ela era um anjinho. As aparências enganam muito minha jovem.
Atena, atenta ao comportamento de todos, tinha Sig em especial atenção.
— Eu sei, Senhora. Diz Atena.
A senhora percebe a inquietação de Atena.
— Veja você ... Tão jovem e com tanto poder e responsabilidade. Continua a Senhora para o sorriso de Atena.
— Faço tudo por amor aos homens, mulheres e crianças da Terra.
A senhora foca seu olhar ao alvo rosto de Atena.
— Vejo isto em teus olhos, jovem Atena. Tens algum outro nome, minha jovem? Curiosa investiga a Senhora
Por instantes Atena se lembra de sua infância com saudosismo.
— Quando nasci me chamaram de Sofia.
As lembranças recordadas trazem consigo a tristeza pela escolha outrora feita.
— Sofia ... Pensativa, Comenta a Senhora. — Um nome lindo. Tão amável quanto você.
A senhora vê Atena em seus pensamentos e Sig com seu ar de resignação, e percebe o difícil momento que se seguiria.
— Vou deixar vocês conversarem. Mas ... Meu jovem. Dirige-se a Senhora a Sig. — Ouça com carinho o que ela tem a dizer. Tenho certeza que é algo bom. Vou agora.
A Senhora segue a casa resmungando coisas em tom bem baixo. Atena olha para Sig e este desvia o olhar.
— O que te aflige, Sig. Indaga Atena.
Sig esconde o rosto.
— Temo decepciona-la, Atena.
Atena já imaginara reação semelhante, e tenta tranquilizar Sig.
— Diga-me o que o faz pensar assim, por favor. Pede Atena.
Sig levanta a cabeça, e decidido dirige sua decisão a deusa.
— Desculpe-me Atena ... Não quero mais lutar contra outros guerreiros pela Terra afora. Quero esta vida simples. Gêmeos já tem seu Cavaleiro, muito mais forte e inteligente. O verdadeiro e o primeiro. O verdadeiro abençoado pelas estrelas de Gêmeos.
Sig respira fundo por alguns segundos, e prossegue.
— Nunca gostei de lutas e disputas, apesar de dar o melhor de mim quando era preciso lutar. Quero aqui viver e proteger este povo sofrido. Senti cada luta de meu cosmo contra cada soldado marina que desembarcou nessa praia. Procurava pelo Dragão Marinho para que despertasse e pudesse derrotá-lo. Só despertei agora e sei que a Guerra Santa já acabou.
Sig lembra-se do rosto de seu irmão, e seus olhos brilham de saudade.
— Meu irmão derrotou Ted de Dragão Marinho e isso muito me orgulha. Gostaria de ver a glória de Ozir, e hoje ele a tem. Não quero ofuscar teu brilho. Mesmo que para isso precise estar longe dele.
Atena sente a carga emocional do desabafo de Sig.
— Compreendo sua posição Sig, mas peço que ouça a minha proposta e pense nela com carinho.
Sig contém a angústia despertada por tal momento, e mantém controle de suas emoções.
— Sim, Atena.
Atena vê em Sig o valoroso guerreiro que já conhecia, e sorri em sua alma.
— És nascido sob a proteção da Constelação de Gêmeos. Lutaste bravamente contra o Dragão Marinho e seu desaparecimento afligiu a todos. Principalmente teu irmão. Isso o tornou mais forte. Sei que o ama, e o protegeria a todo o custo, então eis a minha proposta.
Sig estava atento a tudo que dizia Atena, e sentia a esperança inundar seu coração, apesar de não saber o porquê.
— Seja o Guardião de teu irmão. Aquele que protegerá o Cavaleiro de Gêmeos de todas as suas feridas do corpo e do cosmo. Seja o Aurum de Gêmeos, e Ozir sempre brilhará como a constelação que junto a ele você mantém viva.
Sem nada entender, Sig mostra-se confuso.
— O guardião de meu irmão? Indaga Sig.
Atena, já esperando a reação de Sig, sorri e explica.
— Como um anjo da guarda. Diz Atena. — Curando-lhe as feridas e restabelecendo seu cosmo. Receberás treinamento para essa tarefa. Seja parte da Ordem de Serpentário. A Ordem dos Guardiões dos meus Cavaleiros e Amazonas!
Sig olha para dentro de si, e encontra a Ozir e a constelação de Gêmeos.
— O Guardião de minha constelação protetora? Pensativo, indaga Sig
Sig olha para o céu e vê um brilho ainda mais intenso em sua constelação, em especial a estrela mais brilhante delas. Sig entende a mensagem recebida.
— Sim, Atena. Gêmeos me deu a permissão para fazê-lo.
Atena libera sua satisfação num grande sorriso, antes contido pela angústia que trazia Sig em seu coração.
— Sim, Sig. Feliz, comenta Atena. — Está escrito nas estrelas nosso destino. A estrela mais brilhante é a fonte de sua força de vontade. Enquanto dormia ela sempre brilhava mais forte por segundos, e as vezes por minutos.
Atena olha para o céu, e contempla o brilho das estrelas.
— Sabia que estavas vivo. O céu me dizia isso. Com o seu despertar ela brilhou ainda mais intensamente do que já havia brilhado. Por isso sabia de sua resposta, desde o início. Proteja Ozir, o Cavaleiro de Ouro de Gêmeos. Siga o destino que Gêmeos traçou para ti.
Sig pensa na ilha e na sua vontade de proteger a todos.
— Terei que abandonar esta ilha. Isto me entristece.
Atena sente-se honrada, pela estampa de solidariedade dos membros de seu exército.
— Não é preciso Sig. Tranquiliza-o Atena. — Poderás proteger a todos. Compreenderás tudo com o teu treinamento.
Sig, ainda confuso, confia nas palavras de Atena e suaviza os traços de tensão de seu rosto.
— Isso é ótimo! Comemora Sig. — Protegerei esse povo que me acolheu ... E cumprirei minha promessa de sangue.
Sig, lembra-se da promessa que fizera a teu pai e a teu irmão há anos atrás, honrar a seu irmão e da alma de seu pai.
Atena e Lyra retornam a Sibéria, pois havia ainda uma missão para ser concluída.
NASCE O AURUM DE GÊMEOS. ATENA DÁ MAIS UM PASSO PELA ORDEM DOS GUARDIÕES.
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